Vida saudável

Artigos

Qualidade de vida em todas as fases da vida

Autor: Profa. Dra. Luciana Angelo (Departamento de Psicologia da SBH)

Ao pensarmos sobre a vida, somos convidados a nos deparar com diferentes fases do desenvolvimento humano, sendo que cada uma delas nos apresenta características distintas e nos desafia ao amadurecimento biológico, psicológico e social.

Os fenômenos psicológicos, aqueles que acontecem no nosso mundo interno e que são construídos ao longo da vida, revelam nossa forma de pensar e sentir o mundo, como nos comportamos, nos adaptamos à realidade e como a transformamos.

É o ciclo vital, que nos apresenta a constância e a mudança, que se manifestam na conduta humana, considerando, principalmente, os esforços destinados a objetivos diferentes em cada fase do desenvolvimento.

Não somente o tempo nos regula, mas as temáticas diferem em relação à idade cronológica e às solicitações ambientais, considerando o continuum da vida humana. Tendo como referência a infância, adolescência, jovem adulto, meia idade e velhice, alguns estudos científicos apontam o papel central das relações interpessoais em cada fase.

Dentre esses estudos, destaco um realizado por pesquisadores de Harvard, que revelou que a força dos relacionamentos interpessoais, sejam eles com os parceiros, com a família ou com amigos e colegas influencia a satisfação e a qualidade de vida das pessoas.

Esse estudo acontece há quase oito décadas, já teve mais de quatro coordenadores e muitos artigos publicados. A pesquisa começou em 1938 com 268 alunos de Harvard, em Boston (EUA) e acompanhou homens jovens saudáveis durante suas vidas para verificar quais os fatores mais importantes para seu desenvolvimento. Na mesma época, um estudo paralelo foi feito com homens de bairros mais pobres. Nesses estudos, os pesquisadores coletam a cada cinco anos exames médicos e a cada ano realizam uma entrevista presencial com os participantes.

O atual coordenador, o psiquiatra Robert Waldinger, observou que as relações interpessoais não só tornam as pessoas mais felizes, mas também as tornam mais saudáveis, já que a manutenção de relacionamentos mais significativos ao longo da vida pareceu influenciar o bem-estar e a saúde, reduzindo o risco de doenças crônicas e mentais, bem como a perda de memória (http://www.adultdevelopmentstudy.org/).

O estudo apresenta limitações, porém ganha força ao apontar que variáveis subjetivas, como a qualidade do relacionamento interpessoal e a importância da habilidade social afetam o ganho e a manutenção da saúde física e mental. Nesse sentido, o estudo estimula que a sociedade crie meios e alternativas para incentivar e fortalecer os relacionamentos interpessoais em todas as fases da vida.

Se parece fácil ter amigos na infância e adolescência porque estamos vinculados a instituições como escolas, clubes esportivos, cursos extracurriculares, comunidades, família, etc, o que devemos fazer para mantermos esses vínculos mais duradouros, cuidando para que na fase adulta e na velhice não percamos nossos referenciais de identidade e de sociabilidade?

Pense nisso!