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Falando de mulheres e homens

Autor: Profa. Dra. Luciana Angelo (Departamento de Psicologia da SBH)

Mais comum do que possa parecer, hoje encontramos nos consultórios médicos e nos hospitais pessoas que não se imaginavam fazendo parte dos grupos de risco para doenças crônicas, como por exemplo, a hipertensão. Com quadros clínicos considerados “normais”, o que se apresenta alterado, muitas vezes, é o comportamento.

Nos últimos tempos, o comportamento de mulheres e homens tem sido alvo de interesse. Parece que algo desconhecido passou a ser revelado! Matérias sobre a dupla ou até tripla jornada de trabalho, diferenças salariais contundentes, situações de violações e violências cometidas por e contra ambos, preconceitos e discriminações. Consideremos a nossa incompetência em administrar estresse. Não só no Brasil, mas também no exterior, os pesquisadores alertam para os males que ocorrem por demasiadas horas de trabalho, exposição a situações negativas, descrença nas atividades que nos fazem sentir bem. Enaltecem a falta de cuidado que temos tido conosco.

Ao desvendar um cenário catastrófico e, veladamente criticando o modelo masculino de força e precisão, de entrega e rendimento, a pergunta é: o que temos mantido de nossa origem e constituição, que nos faça saudáveis nos tempos atuais? Perdemos a capacidade de lidar com nossa existência e nos deixamos levar pela necessidade de preencher os vazios com horas de trabalho, de estudo, de oração, de compulsões com alimentos, bebidas e outras substâncias?

Desafio lançado: o que nos conforta? Insisto no olhar para o que nos faz bem. Talvez precisemos desligar os televisores, nos afastar dos telejornais e das tragédias que não fazem parte de nosso cotidiano até o momento que nos adoecem. Isso é, de fato, uma tarefa hercúlea, já que temos, em média, brasileiros que passam 4h31 por dia expostos ao televisor de 2ª a 6ª-feira e 4h14 nos finais de semana. Recuperemos a nossa história antes dos televisores: hábitos, brincadeiras, gostos, desejos e sonhos que nos eram preciosos. Listemos e façamos a seleção para que sejam viabilizados em planos de ação para o fomento do bem-estar, independentemente da idade. Permita-se acessar o que por anos foi esquecido! Altere o seu olhar… volte-se para o seu território!

Recuperar a sua essência fortalece o autoconhecimento, o empoderamento e a compreensão do que você foi e do que pode ser hoje. É o caminho para o encontro: contar, ouvir e criar a sua história. Insista na atitude de promover a sua saúde psicofísica. Você experimentará prazer e felicidade. Construa um caminho que destaque suas preferências, seus desejos futuros, que flexibilize as suas crenças e que lhe favoreça ao enfrentar adversidades!

Ao desligar-se da telinha, descubra outros meios de entreter-se: brincar com a família, encontrar os amigos, tocar um instrumento, ler, contar histórias, ver fotografias, ficar de bobeira, namorar, sentar-se na varanda, espiar na janela, viajar, caminhar, escutar-se…

Vamos começar?